fredag 31 oktober 2014

Jordreformen är inte bara en nödvändighet, det är en moralisk förpliktelse säger påven

Från MST:s hemsida

Påven har bjudit in sociala rörelser till ett stort möte organiserat av påvens stab, MST har varit engagerat, på bilden ser ni João Pedro Stedilé i bakgrunden. Den nye påven vill gärna ha bra kontakter med de sociala rörelserna och i det längre uttalandet nedanför ser ni (på portugisiska) hur han positionerar sig i olika sociala frågor, som fattigdom, arbetslöshet. Han uttalar sig mot ett ekonomiskt system som placerar pengarna före människan.
Jordreformen är inte bara en nödvändighet, det är en moralisk förpliktelse, säger påven också

"A reforma agrária é, além de uma necessidade política, uma obrigação moral", disse Papa

29 de outubro de 2014
Da Página do MST

Em seu discurso durante o Encontro Mundial dos Movimentos Populares, organizado pelo Pontifício Conselho Justiça e Paz em colaboração com a Pontifícia Academia das Ciências Sociais e com os líderes de vários movimentos sociais, o Papa Francisco defendeu a Reforma Agrária e fez duras críticas ao modelo do agronegócio.

Ao citar o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, Francisco lembrou que "a reforma agrária é, além de uma necessidade política, uma obrigação moral".
 

Disse ainda se preocupar com a erradicação de tantos camponeses que deixam suas terras, “não por guerras ou desastres naturais”, mas pela “apropriação de terras, o desmatamento, a apropriação da água, os agrotóxicos inadequados são alguns dos males que arrancam o homem da sua terra natal”. 
 

Para ele, “essa dolorosa separação, que não é só física, mas também existencial e espiritual, porque há uma relação com a terra que está pondo a comunidade rural e seu modo de vida peculiar em notória decadência e até em risco de extinção”.
 

Como conseqüência a essa perversidade, o Papa trouxe a dimensão da fome ao se referir a outra prática recorrente do agronegócio. “Quando a especulação financeira condiciona o preço dos alimentos, tratando-os como qualquer mercadoria, milhões de pessoas sofrem e morrem de fome”.
 


Teto e trabalho
 

Além da questão da terra, Francisco ainda foi enfático com um problema presente em diversos centros urbanos: a moradia. 


Não hesitou ao defender “uma casa para cada família” e denunciar o modelo de cidade “que oferecem inúmeros prazeres e bem-estar para uma minoria feliz... mas se nega o teto a milhares de vizinhos e irmãos nossos, inclusive crianças, e eles são chamados, elegantemente, de ‘pessoas em situação de rua’”, disse ao atacar o eufemismo criado para mascarar a marginalização.
 

O terceiro e último ponto tocado por Francisco se refere à dimensão do trabalho, ao colocar que “não existe pior pobreza material do que a que não permite ganhar o pão e priva da dignidade do trabalho”. 
 

Para ele, tanto o desemprego quanto as precárias condições de trabalho são resultado “de uma prévia opção social, de um sistema econômico que coloca os lucros acima do homem”.
 

Nesse sentido, “se o lucro é econômico, sobre a humanidade ou sobre o homem, são efeitos de uma cultura do descarte que considera o ser humano em si mesmo como um bem de consumo, que pode ser usado e depois jogado fora”.
 

O encontro entre os movimentos sociais de diversas partes do mundo teve início nesta segunda-feira (27) e segue até esta quarta-feira (29).
 

O evento tem por objetivo elaborar uma síntese da visão dos movimentos populares em torno das causas da crescente desigualdade social e do aumento da exclusão em todo mundo, principalmente a exclusão da terra, do teto e do trabalho, e “propor alternativas populares para enfrentar os problemas gerados pelo capitalismo financeiro, a prepotência militar e o imenso poder das transnacionais, como a guerra, a fome, desemprego, exclusão, despejos e miséria, com a perspectiva de construir uma sociedade livre e justa”.
 

Abaixo, veja o discurso do Papa Francisco na íntegra:
 
 
Discurso do Santo Padre Francisco aos participantes do Encontro Mundial de Movimentos Populares
 

Bom dia de novo. Eu estou contente por estar no meio de vocês. Aliás, vou lhes fazer uma confidência: é a primeira vez que eu desço aqui [na Aula Velha do Sínodo], nunca tinha vindo.
 

Como lhes dizia, tenho muita alegria e lhes dou calorosas boas-vindas. Obrigado por terem aceitado este convite para debater tantos graves problemas sociais que afligem o mundo hoje, vocês, que sofrem em carne própria a desigualdade e a exclusão. Obrigado ao cardeal Turkson pela sua acolhida. Obrigado, Eminência, pelo seu trabalho e pelas suas palavras.
 

Este encontro de Movimentos Populares é um sinal, é um grande sinal: vocês vieram colocar na presença de Deus, da Igreja, dos povos, uma realidade muitas vezes silenciada. Os pobres não só padecem a injustiça, mas também lutam contra ela!
 

Não se contentam com promessas ilusórias, desculpas ou pretextos. Também não estão esperando de braços cruzados a ajuda de ONGs, planos assistenciais ou soluções que nunca chegam ou, se chegam, chegam de maneira que vão em uma direção ou de anestesiar ou de domesticar. Isso é meio perigoso. Vocês sentem que os pobres já não esperam e querem ser protagonistas, se organizam, estudam, trabalham, reivindicam e, sobretudo, praticam essa solidariedade tão especial que existe entre os que sofrem, entre os pobres, e que a nossa civilização parece ter esquecido ou, ao menos, tem muita vontade de esquecer.
 

Solidariedade é uma palavra que nem sempre cai bem. Eu diria que, algumas vezes, a transformamos em um palavrão, não se pode dizer; mas é uma palavra muito mais do que alguns atos de generosidade esporádicos. É pensar e agir em termos de comunidade, de prioridade de vida de todos sobre a apropriação dos bens por parte de alguns. Também é lutar contra as causas estruturais da pobreza, a desigualdade, a falta de trabalho, de terra e de moradia, a negação dos direitos sociais e trabalhistas. É enfrentar os destrutivos efeitos do Império do dinheiro: os deslocamentos forçados, as migrações dolorosas, o tráfico de pessoas, a droga, a guerra, a violência e todas essas realidades que muitos de vocês sofrem e que todos somos chamados a transformar. A solidariedade, entendida em seu sentido mais profundo, é um modo de fazer história, e é isso que os movimentos populares fazem.
 

Este encontro nosso não responde a uma ideologia. Vocês não trabalham com ideias, trabalham com realidades como as que eu mencionei e muitas outras que me contaram... têm os pés no barro, e as mãos, na carne. Têm cheiro de bairro, de povo, de luta! Queremos que se ouça a sua voz, que, em geral, se escuta pouco. Talvez porque incomoda, talvez porque o seu grito incomoda, talvez porque se tem medo da mudança que vocês reivindicam, mas, sem a sua presença, sem ir realmente às periferias, as boas propostas e projetos que frequentemente ouvimos nas conferências internacionais ficam no reino da ideia, é meu projeto.
 

Não é possível abordar o escândalo da pobreza promovendo estratégias de contenção que unicamente tranquilizem e convertam os pobres em seres domesticados e inofensivos. Como é triste ver quando, por trás de supostas obras altruístas, se reduz o outro à passividade, se nega ele ou, pior, se escondem negócios e ambições pessoais: Jesus lhes chamaria de hipócritas. Como é lindo, ao contrário, quando vemos em movimento os Povos, sobretudo os seus membros mais pobres e os jovens. Então, sim, se sente o vento da promessa que aviva a esperança de um mundo melhor. Que esse vento se transforme em vendaval de esperança. Esse é o meu desejo.
 

Este encontro nosso responde a um anseio muito concreto, algo que qualquer pai, qualquer mãe quer para os seus filhos; um anseio que deveria estar ao alcance de todos, mas que hoje vemos com tristeza cada vez mais longe da maioria: terra, teto e trabalho. É estranho, mas, se eu falo disso para alguns, significa que o papa é comunista.
 

Não se entende que o amor pelos pobres está no centro do Evangelho. Terra, teto e trabalho – isso pelo qual vocês lutam – são direitos sagrados. Reivindicar isso não é nada raro, é a doutrina social da Igreja. Vou me deter um pouco sobre cada um deles, porque vocês os escolheram como tema para este encontro.
 

Terra. No início da criação, Deus criou o homem, guardião da sua obra, encarregando-o de cultivá-la e protegê-la. Vejo que aqui há dezenas de camponeses e camponesas, e quero felicitá-los por cuidar da terra, por cultivá-la e por fazer isso em comunidade. Preocupa-me a erradicação de tantos irmãos camponeses que sobrem o desenraizamento, e não por guerras ou desastres naturais. A apropriação de terras, o desmatamento, a apropriação da água, os agrotóxicos inadequados são alguns dos males que arrancam o homem da sua terra natal. Essa dolorosa separação, que não é só física, mas também existencial e espiritual, porque há uma relação com a terra que está pondo a comunidade rural e seu modo de vida peculiar em notória decadência e até em risco de extinção.
 

A outra dimensão do processo já global é a fome. Quando a especulação financeira condiciona o preço dos alimentos, tratando-os como qualquer mercadoria, milhões de pessoas sofrem e morrem de fome. Por outro lado, descartam-se toneladas de alimentos. Isso é um verdadeiro escândalo. A fome é criminosa, a alimentação é um direito inalienável. Eu sei que alguns de vocês reivindicam uma reforma agrária para solucionar alguns desses problemas, e deixem-me dizer-lhes que, em certos países, e aqui cito o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, "a reforma agrária é, além de uma necessidade política, uma obrigação moral" (CDSI, 300).
 

Não sou só eu que digo isso. Está no Compêndio da Doutrina Social da Igreja. Por favor, continuem com a luta pela dignidade da família rural, pela água, pela vida e para que todos possam se beneficiar dos frutos da terra.


Em segundo lugar, teto. Eu disse e repito: uma casa para cada família. Nunca se deve esquecer de que Jesus nasceu em um estábulo porque na hospedagem não havia lugar, que a sua família teve que abandonar o seu lar e fugir para o Egito, perseguida por Herodes. Hoje há tantas famílias sem moradia, ou porque nunca a tiveram, ou porque a perderam por diferentes motivos. Família e moradia andam de mãos dadas. Mas, além disso, um teto, para que seja um lar, tem uma dimensão comunitária: e é o bairro... e é precisamente no bairro onde se começa a construir essa grande família da humanidade, a partir do mais imediato, a partir da convivência com os vizinhos.
 

Hoje, vivemos em imensas cidades que se mostram modernas, orgulhosas e até vaidosas. Cidades que oferecem inúmeros prazeres e bem-estar para uma minoria feliz... mas se nega o teto a milhares de vizinhos e irmãos nossos, inclusive crianças, e eles são chamados, elegantemente, de "pessoas em situação de rua". É curioso como no mundo das injustiças abundam os eufemismos. Não se dizem as palavras com a contundência, e busca-se a realidade no eufemismo. Uma pessoa, uma pessoa segregada, uma pessoa apartada, uma pessoa que está sofrendo a miséria, a fome, é uma pessoa em situação de rua: palavra elegante, não? Vocês, busquem sempre, talvez me equivoque em algum, mas, em geral, por trás de um eufemismo há um crime.
 

Vivemos em cidades que constroem torres, centros comerciais, fazem negócios imobiliários... mas abandonam uma parte de si nas margens, nas periferias. Como dói escutar que os assentamentos pobres são marginalizados ou, pior, quer-se erradicá-los! São cruéis as imagens dos despejos forçados, dos tratores derrubando casinhas, imagens tão parecidas às da guerra. E isso se vê hoje.
 

Vocês sabem que, nos bairros populares, onde muitos de vocês vivem, subsistem valores já esquecidos nos centros enriquecidos. Os assentamentos estão abençoados com uma rica cultura popular: ali, o espaço público não é um mero lugar de trânsito, mas uma extensão do próprio lar, um lugar para gerar vínculos com os vizinhos. Como são belas as cidades que superam a desconfiança doentia e integram os diferentes e que fazem dessa integração um novo fator de desenvolvimento. Como são lindas as cidades que, ainda no seu desenho arquitetônico, estão cheias de espaços que conectam, relacionam, favorecem o reconhecimento do outro.
 

Por isso, nem erradicação, nem marginalização: é preciso seguir na linha da integração urbana. Essa palavra deve substituir completamente a palavra erradicação, desde já, mas também esses projetos que pretendem envernizar os bairros populares, ajeitar as periferias e maquiar as feridas sociais, em vez de curá-las, promovendo uma integração autêntica e respeitosa. É uma espécie de direito arquitetura de maquiagem, não? E vai por esse lado. Sigamos trabalhando para que todas as famílias tenham uma moradia e para que todos os bairros tenham uma infraestrutura adequada (esgoto, luz, gás, asfalto e continuo: escolas, hospitais ou salas de primeiros socorros, clube de esportes e todas as coisas que criam vínculos e que unem, acesso à saúde – já disse – e à educação e à segurança.
 

Terceiro, trabalho. Não existe pior pobreza material – urge-me enfatizar isto –, não existe pior pobreza material do que a que não permite ganhar o pão e priva da dignidade do trabalho. O desemprego juvenil, a informalidade e a falta de direitos trabalhistas não são inevitáveis, são o resultado de uma prévia opção social, de um sistema econômico que coloca os lucros acima do homem, se o lucro é econômico, sobre a humanidade ou sobre o homem, são efeitos de uma cultura do descarte que considera o ser humano em si mesmo como um bem de consumo, que pode ser usado e depois jogado fora.
 

Hoje, ao fenômeno da exploração e da opressão, soma-se uma nova dimensão, um matiz gráfico e duro da injustiça social; os que não podem ser integrados, os excluídos são resíduos, "sobrantes". Essa é a cultura do descarte, e sobre isso gostaria de ampliar algo que não tenho por escrito, mas que lembrei agora. Isso acontece quando, no centro de um sistema econômico, está o deus dinheiro e não o homem, a pessoa humana. Sim, no centro de todo sistema social ou econômico, tem que estar a pessoa, imagem de Deus, criada para que fosse o denominador do universo. Quando a pessoa é deslocada e vem o deus dinheiro, acontecesse essa inversão de valores.
 

E, para explicitar, lembro um ensinamento de cerca do ano 1200. Um rabino judeu explicava aos seus fiéis a história da torre de Babel e, então, contava como, para construir essa torre de Babel, era preciso fazer muito esforço, era preciso fazer os tijolos; para fazer os tijolos, era preciso fazer o barro e trazer a palha, e amassar o barro com a palha; depois, cortá-lo em quadrados; depois, secá-lo; depois, cozinhá-lo; e, quando já estavam cozidos e frios, subi-los, para ir construindo a torre.
 

Se um tijolo caía – o tijolo era muito caro –, com todo esse trabalho, se um tijolo caía, era quase uma tragédia nacional. Aquele que o deixara cair era castigado ou suspenso, ou não sei o que lhe faziam. E se um operário caía não acontecia nada. Isso é quando a pessoa está a serviço do deus dinheiro, e isso era contado por um rabino judeu no ano 1200, explicando essas coisas horríveis.
 

E, a respeito do descarte, também temos que estar um pouco atentos ao que acontece na nossa sociedade. Estou repetindo coisas que disse e que estão na Evangelii gaudium. Hoje em dia, descartam-se as crianças porque a taxa de natalidade em muitos países da terra diminuiu, ou se descartam as crianças porque não se ter alimentação, ou porque são mortas antes de nascerem, descarte de crianças.
 

Descartam-se os idosos, porque, bom, não servem, não produzem. Nem crianças nem idosos produzem. Então, sistemas mais ou menos sofisticados vão os abandonando lentamente. E agora como é necessário, nesta crise, recuperar um certo equilíbrio. Estamos assistindo a um terceiro descarte muito doloroso, o descarte dos jovens. Milhões de jovens. Eu não quero dizer o dado, porque não o sei exatamente, e a que eu li parece um pouco exagerado, mas milhões de jovens descartados do trabalho, desempregados.
 

Nos países da Europa – e estas são estatísticas muito claras –, aqui na Itália, passou um pouquinho dos 40% de jovens desempregados. Sabem o que significa 40% de jovens? Toda uma geração, anular toda uma geração para manter o equilíbrio. Em outro país da Europa, está passando os 50% e, nesse mesmo país dos 50%, no sul são 60%. São dados claros, ou seja, do descarte. Descarte de crianças, descarte de idosos, que não produzem, e temos que sacrificar uma geração de jovens, descarte de jovens, para poder manter e reequilibrar um sistema em cujo centro está o deus dinheiro, e não a pessoa humana.
 

Apesar disso, a essa cultura de descarte, a essa cultura dos sobrantes, muitos de vocês, trabalhadores excluídos, sobrantes para esse sistema, foram inventando o seu próprio trabalho com tudo aquilo que parecia não poder dar mais de si mesmo... mas vocês, com a sua artesanalidade que Deus lhes deu, com a sua busca, com a sua solidariedade, com o seu trabalho comunitário, com a sua economia popular, conseguiram e estão conseguindo... E, deixem-me dizer isto, isso, além de trabalho, é poesia. Obrigado.
 

Desde já, todo trabalhador, esteja ou não no sistema formal do trabalho assalariado, tem direito a uma remuneração digna, à segurança social e a uma cobertura de aposentadoria. Aqui há papeleiros, recicladores, vendedores ambulantes, costureiros, artesãos, pescadores, camponeses, construtores, mineiros, operários de empresas recuperadas, todos os tipos de cooperativados e trabalhadores de ofícios populares que estão excluídos dos direitos trabalhistas, aos quais é negada a possibilidade de se sindicalizar, que não têm uma renda adequada e estável. Hoje, quero unir a minha voz à sua e acompanhá-los na sua luta.
 

Neste encontro, também falaram da Paz e da Ecologia. É lógico: não pode haver terra, não pode haver teto, não pode haver trabalho se não temos paz e se destruímos o planeta. São temas tão importantes que os Povos e suas organizações de base não podem deixar de debater. Não podem deixar só nas mãos dos dirigentes políticos. Todos os povos da terra, todos os homens e mulheres de boa vontade têm que levantar a voz em defesa desses dois dons preciosos: a paz e a natureza. A irmã mãe Terra, como chamava São Francisco de Assis.
 

Há pouco tempo, eu disse, e repito, que estamos vivendo a terceira guerra mundial, mas em cotas. Há sistemas econômicos que, para sobreviver, devem fazer a guerra. Então, fabricam e vendem armas e, com isso, os balanços das economia que sacrificam o homem aos pés do ídolo do dinheiro, obviamente, ficam saneados. E não se pensa nas crianças famintas nos campos de refugiados, não se pensa nos deslocamentos forçados, não se pensa nas moradias destruídas, não se pensa, desde já, em tantas vidas ceifadas. Quanto sofrimento, quanta destruição, quanta dor. Hoje, queridos irmãos e irmãs, se levanta em todas as partes da terra, em todos os povos, em cada coração e nos movimentos populares, o grito da paz: nunca mais a guerra!
 

Um sistema econômico centrado no deus dinheiro também precisa saquear a natureza, saquear a natureza, para sustentar o ritmo frenético de consumo que lhe é inerente. As mudanças climáticas, a perda da biodiversidade, o desmatamento já estão mostrando seus efeitos devastadores nos grandes cataclismos que vemos, e os que mais sofrem são vocês, os humildes, os que vivem perto das costas em moradias precárias, ou que são tão vulneráveis economicamente que, diante de um desastre natural, perdem tudo.
 

Irmãos e irmãs, a criação não é uma propriedade da qual podemos dispor ao nosso gosto; muito menos é uma propriedade só de alguns, de poucos: a criação é um dom, é um presente, um dom maravilhoso que Deus nos deu para que cuidemos dele e o utilizemos em benefício de todos, sempre com respeito e gratidão. Talvez vocês saibam que eu estou preparando uma encíclica sobre Ecologia: tenham a certeza de que as suas preocupações estarão presentes nela. Agradeço-lhes, aproveito para lhes agradecer, pela carta que os integrantes da Via Campesina, da Federação dos Papeleiros e tantos outros irmãos me fizeram chegar sobre o assunto.
 

Falamos da terra, de trabalho, de teto... falamos de trabalhar pela paz e cuidar da natureza... Mas por que, em vez disso, nos acostumamos a ver como se destrói o trabalho digno, se despejam tantas famílias, se expulsam os camponeses, se faz a guerra e se abusa da natureza? Porque, nesse sistema, tirou-se o homem, a pessoa humana, do centro, e substituiu-se por outra coisa. Porque se presta um culto idólatra ao dinheiro. Porque se globalizou a indiferença! Se globalizou a indiferença. O que me importa o que acontece com os outros, desde que eu defenda o que é meu? Porque o mundo se esqueceu de Deus, que é Pai; tornou-se um órfão, porque deixou Deus de lado.
 

Alguns de vocês expressaram: esse sistema não se aguenta mais. Temos que mudá-lo, temos que voltar a levar a dignidade humana para o centro, e que, sobre esse pilar, se construam as estruturas sociais alternativas de que precisamos. É preciso fazer isso com coragem, mas também com inteligência. Com tenacidade, mas sem fanatismo. Com paixão, mas sem violência. E entre todos, enfrentando os conflitos sem ficar presos neles, buscando sempre resolver as tensões para alcançar um plano superior de unidade, de paz e de justiça.
 

Os cristãos têm algo muito lindo, um guia de ação, um programa, poderíamos dizer, revolucionário. Recomendo-lhes vivamente que o leiam, que leiam as Bem-aventuranças que estão no capítulo 5 de São Mateus e 6 de São Lucas (cfr. Mt 5, 3; e Lc 6, 20) e que leiam a passagem de Mateus 25. Eu disse isso aos jovens no Rio de Janeiro. Com essas duas coisas, vocês têm o programa de ação.
 

Sei que entre vocês há pessoas de distintas religiões, ofícios, ideias, culturas, países, continentes. Hoje, estão praticando aqui a cultura do encontro, tão diferente da xenofobia, da discriminação e da intolerância que vemos tantas vezes. Entre os excluídos, dá-se esse encontro de culturas em que o conjunto não anula a particularidade, o conjunto não anula a particularidade. Por isso eu gosto da imagem do poliedro, uma figura geométrica com muitas caras distintas. O poliedro reflete a confluência de todas as particularidades que, nele, conservam a originalidade. Nada se dissolve, nada se destrói, nada se domina, tudo se integra, tudo se integra. Hoje, vocês também estão buscando essa síntese entre o local e o global. Sei que trabalham dia após dia no próximo, no concreto, no seu território, seu bairro, seu lugar de trabalho: convido-os também a continuarem buscando essa perspectiva mais ampla, que nossos sonhos voem alto e abranjam tudo.
 

Assim, parece-me importante essa proposta que alguns me compartilharam de que esses movimentos, essas experiências de solidariedade que crescem a partir de baixo, a partir do subsolo do planeta, confluam, estejam mais coordenadas, vão se encontrando, como vocês fizeram nestes dias. Atenção, nunca é bom espartilhar o movimento em estruturas rígidas. Por isso, eu disse encontra-se. Também não é bom tentar absorvê-lo, dirigi-lo ou dominá-lo; movimentos livres têm a sua dinâmica própria, mas, sim, devemos tentar caminhar juntos. Estamos neste salão, que é o salão do Sínodo velho. Agora há um novo. E sínodo significa precisamente "caminhar juntos": que esse seja um símbolo do processo que vocês começaram e estão levando adiante.
 

Os movimentos populares expressam a necessidade urgente de revitalizar as nossas democracias, tantas vezes sequestradas por inúmeros fatores. É impossível imaginar um futuro para a sociedade sem a participação protagônica das grandes maiorias, e esse protagonismo excede os procedimentos lógicos da democracia formal. A perspectiva de um mundo da paz e da justiça duradouras nos exige superar o assistencialismo paternalista, nos exige criar novas formas de participação que inclua os movimentos populares e anime as estruturas de governo locais, nacionais e internacionais com essa torrente de energia moral que surge da incorporação dos excluídos na construção do destino comum. E isso com ânimo construtivo, sem ressentimento, com amor.
 

Eu os acompanho de coração nesse caminho. Digamos juntos com o coração: nenhuma família sem moradia, nenhum agricultor sem terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem a dignidade que o trabalho dá.


Queridos irmãos e irmãs: sigam com a sua luta, fazem bem a todos nós. É como uma bênção de humanidade. Deixo-lhes de recordação, de presente e com a minha bênção, alguns rosários que foram fabricados por artesãos, papeleiros e trabalhadores da economia popular da América Latina.
 

E nesse acompanhamento eu rezo por vocês, rezo com vocês e quero pedir ao nosso Pai Deus que os acompanhe e os abençoe, que os encha com o seu amor e os acompanhe no caminho, dando-lhes abundantemente essa força que nos mantém de pé: essa força é a esperança, a esperança que não desilude. Obrigado

lördag 25 oktober 2014

Andalusien

Aktivisterna från MST:s vänner i Andalusien beskriver ett läge med 40 procents arbetslöshet och där alla som kan söker sig bort. Andalusien är det enda området i Europa där det förekommer jordockupationer, där finns fortfarande kvar stora jordegendomar, latifundios. De ockuperas av facken. Det största facket är det alternativa facket, som tillhör Via Campesina, tidigare organiserade bara lantarbetare men nu är alla välkomna.
Nu har MST:s vänners möte i Galicien börjat. Imorgon söndag är det andra omgången i det brasilianska presidentvalet. Alla är rädda för att Aécio Neves skulle vinna, ett stort steg tillbaka vad än DN säger. Men de senaste opinionsundersökningarna visar på seger för Dilma, vilket gör alla glada. Det skall dock påpekas att man inte hoppas så mycket av henne, det syns ingen stark utveckling åt rätt håll.

Här en första rapport från mötet. Pumpan i mitten har odlats på Söder i Stockholm och fyller en symbolisk funktion

Här finns 40-talet deltagare från många delar av Spanien, USA, Kanada, Argentina, Tyskland, Norge och Sverige. USA och Kanada reste över bara för detta möte. Men ingen från Italien

Intressanta uppgifter. När Lula tillträdde var det 60 000 familjer i läger. Efter tre år av Lula var det 150 000 med alla förväntningarna. Nu är det 100 000, mycket få har fått jord, samtidigt har Bolsa Familha och minskad arbetslöshet gjort att intresset minskat.

Man försöker nu genomföra massiva ockupationer, framförallt när man angriper strategiska mål som multinationella företag eller som senast jorden som tillhör en senator inför valet. Det är så svårt att tränga igenom mediebruset.


MST skickar nu ut studiegrupper till olika länder med stöd av den brasilianska regeringen. Tio till Italien och tio till Kina. Tjugo personer skall åka till USA för att arbeta med olika sociala rörelser runt landet, fem grupper om fyra till olika regioner med olika inriktning, agroekologi, rörelser i städer, småbrukare etc. 

måndag 20 oktober 2014

Inför valet, del 2

Ännu en intervju med João Pedro Stédile där han förklarar varför de sociala rörelserna i Brasilien stöttar Dilma. Folk vill ha en förändring men den får man inte med Aécio Neves som bara skulle betyda en tillbakagång och en katastrof för folket. Han talar om att den nya kongressen är mer konservativ, vilket beror på att 117 företag satsade 12 biljarder (SEK) för att deras kandidater skulle vinna. Detta är ännu ett skäl till att välja en  ny konstituerande församling för att genomföra en politisk reform, som Dilma men inte Aécio vill

Dezenas de movimentos sociais urbanos e rurais do país discutem desde o ano passado o posicionamento frente às eleições presidenciais. Neste segundo turno, apesar de apontarem os limites do projeto neodesenvolvimentista dos governos
do PT, decidiram de forma conjunta o apoio à candidata à reeleição, Dilma Roussef
(PT). Nesta entrevista, João Pedro Stédile, da coordenação nacional do Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Via Campesina, explica os motivos
para o apoio, analisa o que pode significar para o país o retorno ao neoliberalismo
e aponta como um segundo governo Dilma poderia avançar em mudanças.

Brasil de Fato - Este segundo turno se dá entre dois projetos: o neoliberalismo, representando na candidatura de Aécio Neves,  e o neodesenvolvimentismo,
na candidatura Dilma. O que significaria para o país o retorno ao neoliberalismo?

João Pedro Stédile - Se o Aécio ganhasse seria uma tragédia para a imensa maioria do povo. Na economia seria a hegemonia do capital financeiro, das empresas transnacionais e do agronegócio. Nas políticas sociais seria a volta da prática de que o mercado é que resolve, a volta do Estado mínimo, como foi nos governos de FHC e no governo Aécio em Minas. Viria assim uma desvalorização dos salários e das conquistas, além de um controle direto da direita no poder judiciário e na mídia, aumentando a repressão sobre os movimentos sociais. Na política externa, seria o realinhamento subordinado aos Estados Unidos e o desmantelamento do Mercosul, da Unasul e Celac. Nessas circunstâncias, se geraria um período de muitos confrontos,
de muita instabilidade. Por isso não há menor dúvida, para defender os interesses
da classe trabalhadora, é preciso derrotar a candidatura Aécio Neves. 

Há um desejo difuso por mudanças, do qual a candidatura do PSDB tem tentado se apropriar. Como um segundo governo de Dilma poderia abarcar essas mudanças?

O povo quer mudanças, mas mudanças para melhorar de vida. Mudanças para que o Estado assuma com maior determinação a solução dos problemas do povo. Nós temos ainda muitos desafios, como a universalização do acesso dos jovens à universidade. Os governos Lula e Dilma dobraram o acesso de 6 para 15% da população jovem, porém é preciso pensar nos outros 85%. Há ainda 8 milhões de déficit de moradias dignas. Falta reforma agrária, falta educação de qualidade e valorização dos professores do ensino médio. Queremos a redução da jornada de trabalho para 40 horas. E é preciso retomar a industrialização do país, única forma de aumentar os bens e criar mais empregos de qualidade.

São feitas muitas críticas  aos 12 anos do governo do PT, por não enfrentar reformas estruturais, inclusive a reforma agrária. Quais os principais limites desse projeto neodesenvolvimentista levado a cabo por Lula e Dilma?

Os principais limites do neodesenvolvimentismo é que ele era um programa para que todos ganhassem. Mas os bancos, as construtoras e o agronegócio foram os que mais ganharam. A dependência da economia ao capital internacional impediu que o governo tivesse forças para controlar a taxa de juros e a taxa de câmbio e fizesse uma reforma tributária para que as grandes fortunas e os ricos pagassem a conta. Um governo de composição de classes até pode dar certo eleitoral e politicamente, mas
não consegue ter forças para fazer as reformas estruturais, nas quais as classes
proprietárias percam parte de seus privilégios. E foi isso que aconteceu. Diante do
impasse, parte da burguesia que antes estava no governo já caiu fora. Por isso, uma vitória de Dilma para um segundo mandato representaria uma nova coalizão de
forças sociais, mais de centro-esquerda, que pode exigir mudanças que resolvam
os problemas do povo.

O Congresso eleito é ainda mais conservador que o anterior. O que isso significa para o avanço das pautas mais populares? 

O novo Congresso foi resultado daquilo que chamamos de sequestro da democracia brasileira por 117 empresas, que gastaram R$ 4 bilhões para financiar seus candidatos e os elegeram. Daí a crise de representação de todos os partidos, pois agora os eleitos devem mais obrigação aos seus financiadores do que às siglas. O que aparece no Congresso é o espelho de uma crise política e ideológica maior, que afeta a atividade política e a democracia. 

Dilma sinalizou que apoia a convocação de uma Assembleia Constituinte para a reforma do sistema político. Como essa reforma pode melhorar a vida do povo?

É preciso colocar em primeiro lugar a reforma política que vai mexer em todo o  sistema, e não apenas no financiamento das campanhas ou das listas de candidatos. Vai mexer também no Congresso, no judiciário e nos meios de comunicação. O caminho para isso é necessariamente uma assembleia constituinte, que teria que ser aprovada por meio de um plebiscito legal. Paralelamente, devemos incentivar,  estimular e seguir colocando o máximo de energias na luta social. Porque somente conquistaremos a assembleia constituinte, somente conseguiremos implementar as reformas estruturais, se houver um novo período de reascenso do movimento de
massas em todo o país. Portanto, teremos uma intensa luta política nos próximos
quatro anos. 

lördag 4 oktober 2014

João Pedro Stedile om bvalet

MST:s ledare beskriver Lula och Dilmas regeringar som viktiga för att hålla tillbaka nyliberalismen i Brasilien och LA, men de har nu svårt att fortsätta sitt arbete om de inte förnyar sitt projekt. Aceio neves är klart högerns och de dominande klasseranas kandidat. Marina Silva framträdde ett tag som förra årets protesters kandidat. Men hon har ingen verklig folkrörelsebakgrund och har nu bakom sig en mycket bred koaltion. Hon har ingen klar politisk vision och en del av hennes stöd ligger klart till höger. Hon verkar nu ha förlorat ungdomens förtroende. JP tror inte hon har chans att vinna. Han kommer att rösta på PT:s kandidater

Han talar också gpott om den nye påven som stödjer de sociala rörelserna. USA hoppas Dilma skall förlora

Lennart
“Dilma deberá optar por cambios profundos”


 Por Darío Pignotti
Desde Brasilia
João Pedro Stédile, dirigente histórico del Movimiento de los Trabajadores Rurales Sin Tierra, plantea que los gobiernos de Dilma Rousseff, candidata a la reelección, y Luiz Inácio Lula da Silva “fueron importantes para contener al neoliberalismo” a fuerza de redistribuir un Estado jibarizado en la década del ’90. Para el referente del mayor movimiento social brasileño, la opositora Marina Silva, que irrumpió en la campaña como favorita hace dos meses, dilapidó sus chances de imponerse en los comicios presidenciales en los que Dilma se perfila como favorita.
Una encuesta de Datafolha publicada ayer por la noche indica que la mandataria tiene el 40 por ciento de las intenciones de voto contra el 24 de la ambientalista Silva y el 21 de Aécio Neves, del Partido de la Socialdemocracia Brasileña. Si la candidata del Partido de los Trabajadores venciera este domingo, o en el ballottage del 26 de octubre, se verá obligada a revisar la alianza en la que se apoyó para gobernar y aplicar un modelo “neodesarrollista”, observó el economista Stédile en diálogo con Página/12.
–¿En estas elecciones se somete a votación la gestión de Dilma o lo hecho en los tres gobiernos petistas?
–Los gobiernos de Lula y Dilma fueron el resultado de una amplia coalición de fuerzas sociales y políticas, con todas las clases, las burguesías financiera e industrial, el agronegocio, la clase media, los trabajadores, los campesinos y los brasileños más pobres. Fueron gobiernos importantes para contener al neoliberalismo, permitieron llevar adelante un programa neodesarrollista, basado en el trípode compuesto por la revalorización del papel del Estado, del crecimiento de la economía basado en la actividad industrial y la redistribución de la renta. Esos gobiernos de composición de clases llevaron adelante un programa que ya no es viable, aquel pacto se rompió y parte de la burguesía apoya a la oposición. Luego de doce años de gobiernos petistas no existen condiciones objetivas, internas y externas, para renovar ese pacto. Los gobiernos de Lula y Dilma transcurrieron en un período de retroceso del movimiento de masas y reflujo de las organizaciones de la clase trabajadora.
Si se ganaron las últimas tres elecciones esto fue porque parte de la burguesía se dividió y el PT, el mayor partido de la izquierda electoral, no tuvo la voluntad política de realizar un trabajo de formación política e ideológica. No hubo un proceso de ampliación de la participación popular en los gobiernos del PT, y es por esto que enfrentamos una crisis ideológica y la crisis del modelo de representación que generó las manifestaciones de junio del año pasado.
–En caso de ballottage, ¿cuál será el rol de Lula en la campaña?
–Considero que Lula es importante para fortalecer la identidad del voto por Dilma, en los trabajadores y los más pobres. Lula sigue siendo el mayor líder popular del país, por toda su trayectoria, y por tanto su peso es decisivo. Esto quedó demostrado en las iniciativas, como el acto reciente en Río de Janeiro de defensa de Petrobras como empresa pública, en defensa de que el petróleo sea explotado en beneficio del pueblo.
–¿Cómo imagina un segundo mandato de Dilma?
–Creo que lo que ocurra en el segundo mandato no depende sólo de la voluntad de Dilma, todo presidente depende de la correlación de fuerzas en la que se inscribe su gobierno y la capacidad de movilización social. Como ya dijimos antes, ella deberá cambiar alianzas porque el programa neodesarrollista dejó de ser viable y por eso parte de la burguesía que la apoyó ahora está con Aécio o Marina. Dilma deberá dar respuesta a la demanda de cambios profundos, estructurales en el sistema tributario, en el actual modelo económico de superávit primario que deberá ser cambiado por otro que destine ese dinero a las políticas de educación, salud, vivienda, transporte público de calidad, la reforma agraria.
–Las protestas de 2013 fueron un punto de inflexión, ¿considera que habrá otras?
–Uno puede esperar que se retomen las movilizaciones de masa a favor de los cambios y que la burguesía se oponga a éstos, endureciendo su tono opositor aferrándose a los privilegios que todavía detenta y exigiendo un realineamiento económico con Estados Unidos. El próximo gobierno será un período de disputas y si Dilma no opta por una inflexión clara hacia el cambio tendremos cuatro años de crisis políticas e inestabilidad.
–El MST, los sindicatos y otros movimientos recogieron casi 8 millones de firmas por la reforma política. ¿Cuál es su balance?
–El plebiscito popular fue un acontecimiento de pedagogía política de masas para provocar el debate sobre la reforma política, para superar la crisis de representación que enfrentamos. Luego de esta fase vamos a trabajar por la realización de un plebiscito legal para la concreción de una reforma política a través de una asamblea constituyente. Por suerte, los principales líderes populares como Lula comparten la idea de que sin una constituyente no es posible lograr una reforma política, y sin ella el próximo gobierno va a quedar de manos atadas y el pueblo volverá a salir a la calle, pero más indignado que en 2013.
–Marina Silva emergió como la representante de los disconformes de 2013, pero esa imagen parece haberse derretido. ¿Es así?
–Marina no puede ser considerada una líder popular, con raíces en la lucha de masas, hay que recordar que su trayectoria política fue construida en la vida institucional, ella fue concejal, senadora y ministra. Marina no tiene una formación política lo suficientemente sólida para encabezar un proceso de cambios profundos y por eso su discurso cambia según las circunstancias. Esta inconsistencia hizo que la juventud que la vio como una alternativa ya cambió de voto.
–¿Marina y Aécio Neves son los candidatos de los banqueros?
–Con un capitalismo cada vez más internacionalizado y hegemonizado por el sector financiero y las corporaciones transnacionales, las elecciones están cada vez más influenciadas por representantes del capital internacional. La candidatura de Aécio Neves representa a fuerzas sociales que quieren el retorno puro y simple del neoliberalismo y de la política sumisa con Estados Unidos. Marina representa a fuerzas dispersas con bajo nivel de organización política, y con el clima emocional causado por la muerte del candidato Eduardo Campos (el 13 agosto de 2014) aumentó sus posibilidades pero esto atrajo hacia ella oportunistas de todo tipo, venidos de la derecha, de centro y algunos ambientalistas. No creo en la posibilidad, de una victoria de Marina, porque estimo que no logrará reunir tras de sí a fuerzas sociales y populares suficientes.
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El papel de Francisco


 Por Darío Pignotti
Usted participará este mes en un encuentro convocado por Francisco, ¿qué balance hace de su papado?
–El papa Francisco está realizando cambios impresionantes en respuesta a la crisis política, ideológica y moral de la cúpula del Vaticano. Que Francisco sea el primer papa americano, del hemisferio sur tiene un peso fundamental. Y Francisco tiene coraje para hacer cambios. El ha valorizado a los movimientos populares de todo el mundo y ahora está organizando un evento para reunir a 100 dirigentes de movimientos populares de todo el mundo, es algo inédito en las estructuras medievales de la Iglesia en el Vaticano. Larga vida a Francisco y sus ideas.

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La apuesta de Estados Unidos


 Por Darío Pignotti
¿Cuál es la apuesta de Washington en las elecciones?
–El gobierno de Estados Unidos prefiere la derrota de Dilma, no importa ante quien, mientras algunos grupos de interés capitalista, éstos ligados a los Brics, como las empresas constructoras, apuestan a Dilma. Tanto Marina como Aécio van a privilegiar las relaciones prioritarias con Estados Unidos y relegar los procesos de integración regional. La derrota de Dilma sería la derrota de las fuerzas que impulsan los procesos de integración latinoamericana, sería un duro golpe al Mercosur, a Unasur y a la Celac (Comunidad de Estados Latinoamericanos).

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