Det är 50 år sedan mediejätten Globo startade sin verksamhet i
Brasilien, stöttade militärdiktaturen. Nu behärskar de mediesituationen i
Brasilien med TV, och tidningar. Dessa är mycket aktiva för att störta
regeringen Dilma
En text från sociala rörelser om Globo, smat tio skäl till att bekämpa Globo (under också en intervju med Stedile om det politiska läget i Brasilien)
MANIFESTO 50 ANOS DA TV GLOBO: VAMOS DESCOMEMORAR!
A TV Globo festejará os seus 50 anos de existência no dia 26 de abril. Serão promovidos megaeventos e lançados vários produtos comemorativos. No mesmo período, porém, muita gente está disposta a promover a “descomemoração” do aniversário do império global, um ato de repúdio ao papel nocivo desse grupo de mídia na história do país. Uma palavra-de-ordem que se destaca em todo o Brasil em manifestações recentes é: “O povo não é bobo. Fora Rede Globo”. E motivos não faltam para esta revolta.
A emissora é filha bastarda do golpe militar de 1964. O então diretor do jornal “O Globo” Roberto Marinho foi um dos principais incentivadores da deposição do presidente João Goulart, dando
sustentação ideológica à ação das Forças Armadas. Um ano depois, foi fundada a sua emissora de televisão, que ganhou as graças dos ditadores. O império foi construído com incentivos públicos, isenções fiscais e outras mutretas. Os concorrentes no setor foram alijados, apesar do falso discurso global sobre o livre mercado.
Nascida da costela da ditadura, a TV Globo tem um DNA golpista. Apoiou abertamente as prisões, torturas e assassinatos de inúmeros lutadores patriotas e democratas que combateram o regime autoritário. Fez de tudo para salvar o regime dos ditadores, inclusive omitindo a jornada das Diretas Já na década de 80. Com a democratização do país, ela atuou para eleger seus candidatos – os falsos “caçadores de marajás” e os convertidos “príncipes neoliberais”. Na fase recente, a TV Globo militou contra toda e qualquer avanço mais progressista, atuando na desestabilização dos governos que não rezam integralmente a sua cartilha. Nas marchas de março desse ano, ela ajudou a mobilizar o anseio golpista e garantiu a ele todos seus holofotes.
A revolta contra a Globo que ganha corpo está ligada também à postura sempre autoritária diante dos movimentos sociais brasileiros. As lutas dos trabalhadores ou não são notícia na telinha ou são duramente criminalizadas. A emissora nunca escondeu o seu ódio ao sindicalismo, às lutas da juventude, aos movimentos dos sem-terra e dos sem-teto. Através da sua programação, não é nada raro ver a naturalização e o reforço ao ódio e ao preconceito. Esse clima de controle e censura oprime jornalistas, radialistas e demais trabalhadores da empresa, que são subjugados por uma linha editorial que impede, na prática, o exercício do bom jornalismo, servidor do interesse público, em vez da submissão à ânsia de poder de grupos privados.
Além da sua linha editorial golpista e autoritária, a Rede Globo – que adora criminalizar a política e posar de paladina da ética – está envolvida em inúmeros casos suspeitos. Até hoje, ela não mostrou o Darf (Documento de Arrecadação de Receitas Federais) do pagamento dos seus impostos, o que só reforça a suspeita da bilionária sonegação da empresa na compra dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002. A falta de transparência do império em inúmeros negócios é total. Ela prega o chamado “Estado mínimo”, mas vive mamando nos cofres públicos, seja através dos recursos milionários da publicidade oficial ou de outros expedientes mais sinistros.
Essas e outras razões explicam o forte desejo de manifestar o repúdio à TV Globo em seu aniversário de 50 anos. Assim, vamos realizar em torno do dia 26 de abril uma série de manifestações, em todo o país, para denunciar a emissora como golpista ontem e hoje; exigir a comprovação do pagamento de seus impostos; e reforçar a luta por uma mídia democrática no Brasil.
Sem enfrentar o poder e colocar limites à maior emissora do Brasil – e uma das cinco maiores do mundo – não será possível garantir a regulamentação dos artigos da Constituição que proíbem o monopólio para levar a cabo a democratização do país. Por isso, vamos às ruas contra a Globo e convidamos todos os brasileiros comprometidos com a democracia, a liberdade de expressão, a cultura nacional, o jornalismo livre e a soberania popular a participar das manifestações em todo o país.
Assinam (em ordem alfabética):
ANPG – Associação Nacional de Pós-Graduandos
Associação Franciscana de Defesa de Direitos e Formação Popular
Blog da Cidadania
Blog Maria Frô
Blog O Cafezinho
Blog Viomundo
Brasil de Fato
Campanha por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político
Centro de Estudos Barão de Itarare
Consulta Popular
Contracs – Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços
CTB- Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
CUT- Central Única dos Trabalhadores
Enegrecer- Coletivo Nacional de Juventude Negra
FNDC- Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação
Fora do Eixo
FUP- Federação Única dos Petroleiros
Intersindical Central da Classe Trabalhadora
Intervozes
Jornal Página 13
Juventude do PT
Juventude Revolução
Levante Popular da Juventude
MAB- Movimento dos Atingidos por Barragens
Marcha Mundial das Mulheres
Movimento JUNTOS!
MST- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
MTST- Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
Nação Hip Hop Brasil
Sindicato dos Professores de Campinas (Sinpro)
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
UBM- União Brasileira de Mulheres
UJS- União da Juventude Socialista
UNE- União Nacional dos Estudantes
Uneafro-Brasil
Vermelho
"Estados Unidos intenta recuperar Latinoamérica no sólo como un espacio geopolítico, bajo su control, sino que necesita las materias primas que tenemos: los minerales; la energía del petróleo, del etanol e hidroeléctrica, y también los commodities agrícolas", afirmó sobre uno de los factores principales que explican el resurgimiento de acciones agresivas de la derecha, incluso golpistas.
"Cuando decimos Estados Unidos, no se trata tanto o solamente de la política de (Barack) Obama. La fuerza real de Estados Unidos se mueve por el poder económico de las empresas, de los bancos y por el poder de la inteligencia militar, la CIA, las fuerzas armadas", declaró Stédile a Télam en una entrevista realizada al margen del VI Congreso de la Cloc-Vía Campesina, cuyas deliberaciones en Ezeiza, oeste del Gran Buenos Aires, concluyeron el viernes último.
En este contexto, el referente del MST de Brasil y de la Vía Campesina situó iniciativas estadounidenses como la llamada Alianza del Pacífico, en su opinión destinada a "cooptar a los gobiernos de Panamá, Colombia y Perú", entre otros.
"Y ahora, más recientemente, se están moviendo intensamente en relación a Venezuela, Brasil y Argentina. En el caso de estos tres países, claves para su dominio, ellos utilizan sobre todo el poder hegemónico que tienen en los grandes medios de comunicación", subrayó.
Más que los partidos tradicionales, "la derecha trabaja ahora ideológicamente y políticamente, en la lucha de clases, con los medios de comunicación. Así, en Venezuela el principal partido de la derecha se llama CNN en Español; en Brasil, la (red) Globo y aquí en la Argentina, el grupo Clarín".
En el caso de Brasil, "ahora han logrado que un sector de la clase media vaya a la calle, pero cometieron un error, porque lo hicieron llevando la bandera del golpe militar y para esto no hay razón ni viabilidad política".
"En el fondo, puede que no necesiten incluso derrumbar a nuestros gobiernos. Lo que quieren es que los gobiernos, por lo menos en Argentina y Brasil, vuelvan a la agenda neoliberal, que es la agenda del capital. Volver a practicar políticas que garanticen sus ganancias", acotó.
En consecuencia, "para el pueblo y los movimientos populares no hay otro camino que ir a la calle, porque las calles y las plazas son el espacio de hacer política de las masas", sostuvo Stédile y celebró las crecientes protestas sindicales y populares en Brasil contra un intento de ley de precarización laboral.
No obstante, interpretó que "en diversos países de Latinoamérica, quizá con las excepciones de Venezuela y Bolivia, las masas fueron a votar en estos años por gobiernos progresistas pero sin estar todavía en un movimiento histórico de nuevo ascenso", y que "venimos de un prolongado reflujo de la lucha de masas".
"Yo creo que, si queremos cambios, si queremos mejorar las condiciones de vida del pueblo, como movimientos populares tenemos que impulsar que la gente vaya a las calles y a las plazas para disputar ideas y propuestas", señaló Stédile y argumentó que esa es la vía para frenar la embestida de la derecha y también para "impedir que el gobierno regrese al ajuste neoliberal".
"Tenemos esta situación: de un lado, las manifestaciones de los militantes de los movimientos populares, incluidos los movimientos campesino y sindical, y del otro lado la derecha, con la clase media reaccionaria y racista, que quiere el golpe", resumió para el caso brasileño.
En este marco, "el pueblo todavía está sentado mirando la televisión como si se tratara de un partido de fútbol: la derecha contra la izquierda. Si logramos que el pueblo se levante y vaya a la calle, ahí ganaremos el juego. Porque por ahora está empatado, 2 a 2", acotó con humor, apelando a una metáfora futbolera para explicar la coyuntura política en su país.
Para el referente de Vía Campesina, "a mediano plazo sólo tenemos un camino: estimular todo tipo de movilización popular para generar en nuestros países un nuevo período histórico de ascenso del movimiento de masas, como en líneas generales lo tuvimos del '45 al '73 en todo el continente".
"Y yo creo que estamos más cerca de un nuevo ascenso de masas que de una restauración conservadora", apuntó.
En text från sociala rörelser om Globo, smat tio skäl till att bekämpa Globo (under också en intervju med Stedile om det politiska läget i Brasilien)
MANIFESTO 50 ANOS DA TV GLOBO: VAMOS DESCOMEMORAR!
A TV Globo festejará os seus 50 anos de existência no dia 26 de abril. Serão promovidos megaeventos e lançados vários produtos comemorativos. No mesmo período, porém, muita gente está disposta a promover a “descomemoração” do aniversário do império global, um ato de repúdio ao papel nocivo desse grupo de mídia na história do país. Uma palavra-de-ordem que se destaca em todo o Brasil em manifestações recentes é: “O povo não é bobo. Fora Rede Globo”. E motivos não faltam para esta revolta.
A emissora é filha bastarda do golpe militar de 1964. O então diretor do jornal “O Globo” Roberto Marinho foi um dos principais incentivadores da deposição do presidente João Goulart, dando
sustentação ideológica à ação das Forças Armadas. Um ano depois, foi fundada a sua emissora de televisão, que ganhou as graças dos ditadores. O império foi construído com incentivos públicos, isenções fiscais e outras mutretas. Os concorrentes no setor foram alijados, apesar do falso discurso global sobre o livre mercado.
Nascida da costela da ditadura, a TV Globo tem um DNA golpista. Apoiou abertamente as prisões, torturas e assassinatos de inúmeros lutadores patriotas e democratas que combateram o regime autoritário. Fez de tudo para salvar o regime dos ditadores, inclusive omitindo a jornada das Diretas Já na década de 80. Com a democratização do país, ela atuou para eleger seus candidatos – os falsos “caçadores de marajás” e os convertidos “príncipes neoliberais”. Na fase recente, a TV Globo militou contra toda e qualquer avanço mais progressista, atuando na desestabilização dos governos que não rezam integralmente a sua cartilha. Nas marchas de março desse ano, ela ajudou a mobilizar o anseio golpista e garantiu a ele todos seus holofotes.
A revolta contra a Globo que ganha corpo está ligada também à postura sempre autoritária diante dos movimentos sociais brasileiros. As lutas dos trabalhadores ou não são notícia na telinha ou são duramente criminalizadas. A emissora nunca escondeu o seu ódio ao sindicalismo, às lutas da juventude, aos movimentos dos sem-terra e dos sem-teto. Através da sua programação, não é nada raro ver a naturalização e o reforço ao ódio e ao preconceito. Esse clima de controle e censura oprime jornalistas, radialistas e demais trabalhadores da empresa, que são subjugados por uma linha editorial que impede, na prática, o exercício do bom jornalismo, servidor do interesse público, em vez da submissão à ânsia de poder de grupos privados.
Além da sua linha editorial golpista e autoritária, a Rede Globo – que adora criminalizar a política e posar de paladina da ética – está envolvida em inúmeros casos suspeitos. Até hoje, ela não mostrou o Darf (Documento de Arrecadação de Receitas Federais) do pagamento dos seus impostos, o que só reforça a suspeita da bilionária sonegação da empresa na compra dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002. A falta de transparência do império em inúmeros negócios é total. Ela prega o chamado “Estado mínimo”, mas vive mamando nos cofres públicos, seja através dos recursos milionários da publicidade oficial ou de outros expedientes mais sinistros.
Essas e outras razões explicam o forte desejo de manifestar o repúdio à TV Globo em seu aniversário de 50 anos. Assim, vamos realizar em torno do dia 26 de abril uma série de manifestações, em todo o país, para denunciar a emissora como golpista ontem e hoje; exigir a comprovação do pagamento de seus impostos; e reforçar a luta por uma mídia democrática no Brasil.
Sem enfrentar o poder e colocar limites à maior emissora do Brasil – e uma das cinco maiores do mundo – não será possível garantir a regulamentação dos artigos da Constituição que proíbem o monopólio para levar a cabo a democratização do país. Por isso, vamos às ruas contra a Globo e convidamos todos os brasileiros comprometidos com a democracia, a liberdade de expressão, a cultura nacional, o jornalismo livre e a soberania popular a participar das manifestações em todo o país.
Assinam (em ordem alfabética):
ANPG – Associação Nacional de Pós-Graduandos
Associação Franciscana de Defesa de Direitos e Formação Popular
Blog da Cidadania
Blog Maria Frô
Blog O Cafezinho
Blog Viomundo
Brasil de Fato
Campanha por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político
Centro de Estudos Barão de Itarare
Consulta Popular
Contracs – Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços
CTB- Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
CUT- Central Única dos Trabalhadores
Enegrecer- Coletivo Nacional de Juventude Negra
FNDC- Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação
Fora do Eixo
FUP- Federação Única dos Petroleiros
Intersindical Central da Classe Trabalhadora
Intervozes
Jornal Página 13
Juventude do PT
Juventude Revolução
Levante Popular da Juventude
MAB- Movimento dos Atingidos por Barragens
Marcha Mundial das Mulheres
Movimento JUNTOS!
MST- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
MTST- Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
Nação Hip Hop Brasil
Sindicato dos Professores de Campinas (Sinpro)
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
UBM- União Brasileira de Mulheres
UJS- União da Juventude Socialista
UNE- União Nacional dos Estudantes
Uneafro-Brasil
Vermelho
1. Canal 4 estava prometido à Rádio Nacional
Em
meados de 1950, Roberto Marinho era apenas um entre os vários
empresários da comunicação no país. O magnata da época atendia pelo nome
de Assis Chateaubriand e detinha a maior cadeia de jornais, rádios e
duas emissoras nascentes de televisão. A rádio líder absoluta de
audiência e mais querida do Brasil era a Nacional, a PR-8 do Rio de
Janeiro, de propriedade do governo federal. O sucesso da Nacional era
tamanho que animou seus dirigentes a solicitar que o então presidente da
República lhe concedesse um canal de TV. Constava do currículo da Rádio
Nacional já ter feito experiências pioneiras na área, ao ocupar o canal
4 para televisionar (como se dizia na época) dois dos seus programas.
O
presidente da República era Juscelino Kubitschek, que considerou justa a
reivindicação, uma decorrência natural da liderança da emissora. Na
publicação de final de ano em 1956, a direção da Rádio Nacional
anunciava para “breve” a entrada no ar da sua emissora, a TV Nacional,
canal 4, conforme compromisso assumido por Juscelino. As concessões de
canais de rádio e TV eram atribuições exclusivas do ocupante do
Executivo Federal.
Os
meses se passaram e Juscelino ”esqueceu-se” da promessa. No final de
1957, para surpresa da direção da Rádio Nacional, o canal 4 que lhes
fora prometido acabou concedido para a inexpressiva Rádio Globo, de
Roberto Marinho. A decisão foi condicionada por pressões diretas de
Chateaubriand, que aceitava qualquer coisa menos que a Rádio Nacional
ingressasse no segmento televisivo, temendo as consequências disso para
seus negócios. Neste contexto, o canal ir para Roberto Marinho era um
mal menor.
O
Brasil perdeu assim a chance histórica de ter, no nascedouro, duas
modalidades de televisão: a comercial, representada pelas emissoras de
Chateaubriand, e a estatal voltada para o interesse público como seria a
da Rádio Nacional.
2. Acordo com a Time-Life feriu interesses nacionais
Ao
contrário da Rádio Nacional, que dispunha de todas as condições para
colocar no ar sua emissora de TV, a de Roberto Marinho precisou aguardar
alguns anos. Para a implantação da TV Globo, a partir de 1961, foi
decisivo o apoio do capital internacional, representado pelo gigante da
mídia norte-americana Time-Life. A emissora começou a operar de forma
discreta em 26 de abril de 1965 e seus primeiros meses foram um fracasso
em termos de audiência.
Em
junho de 1962, Marinho passou a ser apoiado com milhões de dólares, num
episódio que a emissora ainda hoje sustenta que se tratou apenas de “um
contrato de cooperação técnica”. A realidade, fartamente documentada
por Daniel Herz, em sua obra já clássica A história secreta da Rede
Globo (1995), prova o contrário. Roberto Marinho e o grupo Time-Life
contraíram um vínculo institucional de tal monta que os tornou sócios, o
que era vedado pela Constituição brasileira. Foi este vínculo que
assegurou à Globo o impulso financeiro, técnico e administrativo para
alcançar o poderio que veio a ter.
A
importância da ligação com os norte-americanos, nos primórdios da
emissora, pode ser avaliada pela declaração do engenheiro Herbert Fiúza,
que integrou a sua primeira equipe técnica: “A Globo era inspirada numa
estação de Indianápolis, a WFBM. E o engenheiro de lá foi quem montou
tudo, porque a gente não sabia nada”.
Chateaubriand,
que antes havia ficado satisfeito em inviabilizar o canal de TV para a
Rádio Nacional, percebeu o risco que suas emissoras passavam a correr.
Tanto que dedicou ao “Caso Globo/Time-Life” nada menos do que 50
artigos, todos atacando Roberto Marinho e acusando-o de receber, na
época, US$ 5 milhões, repassados em três parcelas, o que representava
“uma ofensiva externa contra os competidores internos” (Morais, 1994,
p.667).
A
repercussão dessas denúncias foi tamanha que a CPI criada pelo
Congresso Nacional para apurá-las acabou descobrindo que a TV Globo
mantinha não um, mas dois contratos com o grupo Time-Life. Em um deles,
os norte-americanos tinham participação de 49%. Em outras palavras, não
se tratava de contrato, mas de sociedade. A CPI pôs fim à sociedade.
Mas, ao invés de sair penalizada do episódio, a Globo foi duplamente
beneficiada: Roberto Marinho ficou com o controle total da emissora e os
militares, então no poder, não tomaram qualquer providência contra ela.
A TV Globo poderia ter tido sua concessão cassada.
3. O apoio à ditadura militar (1964-1985)
Nos
anos 1960, o Brasil era visto pelos Estados Unidos como sua área de
influência direta. E a TV Globo foi fundamental para trazer para cá o
way of life norte-americano juntamente com o seu modelo de televisão. A
TV comercial, um dos tipos de emissora existentes no mundo, adquire aqui
o status de única modalidade de TV. Não por acaso, Murilo Ramos (2000,
p.126) caracteriza o surgimento da TV Globo como sendo “a primeira onda
de globalização da televisão brasileira”, que, concentrada num único
grupo local, monopolizou a audiência e teve forte impacto político e
eleitoral ao longo das décadas seguintes.
Durante
quase 20 anos, TV Globo e governos militares viveram uma espécie de
simbiose. Os militares, satisfeitos por verem nas telas da Globo apenas
imagens e textos elogiosos ao “país que vai para a frente”, retribuíam
com mais e mais benesses e privilégios para a emissora. A partir de
dezembro de 1968, com a edição do AI-5, o país mergulhou no “golpe
dentro do golpe”, com prisão e perseguição a todos os considerados
inimigos e adversários do regime e a adoção de censura prévia aos
veículos de comunicação.
A
TV Globo enfrentou alguns casos de censura oficial em suas telenovelas,
mas o que prevaleceu na emissora foi o apoio incondicional de sua
direção aos militares no poder e a autocensura por parte da maioria de
seus funcionários.
Ainda
hoje não falta quem se recorde de situações patéticas em que o então
apresentador do Jornal Nacional, Cid Moreira, mostrava aos milhares de
telespectadores brasileiros cenas de um país que se constituía “em
verdadeira ilha de tranquilidade”, enquanto centenas de militantes de
esquerda eram perseguidos, presos, torturados ou mortos nas prisões da
ditadura. Some-se a isso que a TV Globo sempre se esmerou em
criminalizar quaisquer movimentos populares.
4. O combate permanente às TVs Educativas
Desde
1950 que as elevadas taxas de analfabetismo vigentes no Brasil eram uma
preocupação constante para setores nacionalistas e de esquerda. Uma vez
no poder, algumas alas militares viram na radiodifusão um caminho para
combater a subversão e, ao mesmo tempo, promover a integração nacional. O
resultado disso foi que, em 1965, o Ministério da Educação e Cultura
(MEC) solicita ao Conselho Nacional de Telecomunicações a reserva de 48
canais de VHF e 50 de UHV especificamente para a televisão educativa.
O
número era dos mais significativos e poderia ter representado o começo
de canais voltados para os interesses da população, a exemplo do que já
acontecia em outras partes do mundo. Pouco depois do decreto ser
publicado, Roberto Marinho começa a agir para reduzir sua eficácia. E,
na prática, conseguiu seu intento. O decreto-lei nº 236, de março de
1967, se, por um lado, formalizava a existência das emissoras
educativas, por outro criava uma série de obstáculos para que
funcionassem. O artigo 13, por exemplo, obrigava essas emissoras a
transmitir apenas “aulas, conferências, palestras e debates”, ao mesmo
tempo em que proibia qualquer tipo de propaganda ou patrocínio a seus
programas. Traduzindo: as TVs Educativas estavam condenadas à
programação monótona e à falta crônica de recursos.
Como
se isso não bastasse, o artigo seguinte fechava o cerco a essas
emissoras, determinando que somente pudessem executar o serviço de
televisão educativa a União, os estados, municípios e territórios, as
universidades brasileiras e alguns tipos de fundações. Ficavam de foram,
por exemplo, sindicatos e as mais diversas entidades da sociedade
civil.
Dez
anos após este decreto-lei, apenas seis emissoras educativas tinham
sido criadas no país, número muito distante dos 98 canais disponíveis.
As emissoras educativas não conseguiam avançar, esbarrando na legislação
que lhes obrigava a viver exclusivamente do minguado orçamento oficial,
ao passo que as televisões comerciais, em especial a Globo,
experimentavam crescimento sem precedentes. Crescimento que contribuiu
para cristalizar, em parcela da população brasileira, a convicção de que
a emissora de Roberto Marinho era sinônimo de qualidade.
5. O programa global de telecursos
Oficialmente,
o projeto tinha o nome de Educação Continuada por Multimeios e envolvia
um convênio entre a Secretaria de Cooperação Econômica e Técnica
Internacional (Subin) da Secretaria de Planejamento da Presidência da
República, o BID, a Fundação Roberto Marinho (FRM) e a Fundação
Universidade de Brasília (FUB). Aparentemente, o seu objetivo era nobre:
“O atendimento à educação de população de baixa renda do país, mediante
a utilização e métodos não tradicionais de ensino”.
Na
versão inicial, o convênio tinha 15 cláusulas, com a FRM assumindo a
condição de entidade executora e a FUB a de sua coexecutora. Na prática,
o convênio ficou conhecido como Programa Global de Telecursos e atendia
exclusivamente aos interesses da FRM. Através dele, a FRM pretendia,
sem qualquer custo, apoderar-se do milionário “negócio” da teleducação
no Brasil. Para tanto, esperava contar com recursos nacionais e
internacionais inicialmente da ordem de US$ 5 milhões embutidos em um
pacote de U$S 20 milhões solicitados pela Subin ao BID, no início de
1982.
A
parceria com a FUB era importante por ela ser uma entidade voltada para
o ensino público e estar isenta de impostos para a importação dos
equipamentos necessários à montagem de um centro de produção televisiva a
custo zero. Em outras palavras, a FRM pretendia tornar-se a
administradora da verba (nacional e internacional) destinada às
televisões educativas no Brasil, geridas pela Funtevê, entidade
governamental. Imediatamente, a Funtevê deixou nítido que o convênio
exorbitava as competências da FRM e da própria UnB. É importante
assinalar que pela UnB um dos raros entusiastas deste convênio era o seu
então reitor, capitão de mar-e-guerra José Carlos Azevedo.
A
discussão em torno deste convênio e da tentativa das Organizações Globo
de apropriarem-se dos recursos destinados às TVs educativas brasileiras
ganham a imprensa nacional no final de 1982 e início de 1983. Matéria
publicada pelo jornal Folha de S.Paulo (17/04/1983), sob o título de
“Globo poderá monopolizar teleducação”, tratava o assunto em forma de
denúncia. O “tiroteio” entre os jornais Globo e Folha de S.Paulo durou
vários meses e o convênio, que acabou não sendo assinado, só foi
sepultado três anos depois, com o fim do regime militar. Sem muita
cerimônia, o então secretário-executivo da FRM, José Carlos Magaldi,
chegou a admitir que “é óbvio que não fazemos teleducação por
patriotismo”.
Esta
não foi a primeira e nem a última tentativa das Organizações Globo de
se apoderarem da teleducação no Brasil. Aliás, a FRM tem, nos dias
atuais, representado o Brasil em vários fóruns internacionais sobre
educação e teleducação. O MEC sabe disso?
6. O caso Proconsult e o combate a Leonel Brizola
Antes
dos petistas, Leonel Brizola foi um dos políticos brasileiros mais
combatidos pela TV Globo e por seu fundador, Roberto Marinho. Marinho
nunca o perdoou pelo fato de ter comandado a Rede da Legalidade, nome
que receberam as emissoras de rádio que, quando da renúncia de Jânio
Quadros à presidência da República, em 1961, passaram a defender a posse
de seu vice, João Goulart. Brizola, então governador do Rio Grande do
Sul, era cunhado de Goulart.
Com
a vitória do golpe civil-militar de 1964, Brizola foi para o exílio e
só pode retornar ao Brasil com a anistia, em 1979. Político com fortes
compromissos populares, em 1982 disputou o governo do Rio de Janeiro,
pelo PDT, partido criado por ele.
O
caso Proconsult foi uma tentativa de fraude nas eleições de 1982 para
impossibilitar a vitória de Brizola. Consistia em um sistema
informatizado de apuração dos votos, feito pela empresa Proconsult,
associada a antigos colaboradores do regime militar. A mecânica da
fraude consistia em transferir votos nulos ou em branco para que fossem
contabilizados para o candidato apoiado pelas forças situacionistas,
Moreira Franco, do então PDS.
As
regras da eleição de 1982 impunham que todos os votos (de vereador a
presidente da República) fossem em um mesmo partido. Portanto,
estimava-se um alto índice de votos nulos. Os indícios de que os
resultados seriam fraudados surgiram da apuração paralela contratada
pelo PDT à empresa Sysin Sistemas e Serviços de Informática, que
divergiam completamente do resultado oficial. Outra fonte que obtinha
resultados diferentes dos oficiais foi a Rádio Jornal do Brasil. Roberto
Marinho foi acusado de participar no caso.
A
fraude foi extensamente denunciada pelo Jornal do Brasil, na época o
principal concorrente de O Globo no Rio e relatada posteriormente pelos
jornalistas Paulo Henrique Amorim, Maria Helena Passos e Eliakim Araújo
no livro Plim Plim, a peleja de Brizola contra a fraude eleitoral
(Conrad Editores, 2005). Devido à participação de Marinho no caso, a
tentativa de fraude é analisada no documentário britânico Beyond Citizen
Kane, de 1993. A TV Globo, por sua vez, defendeu-se argumentando que
não havia contratado a Proconsult e que baseava a totalização dos votos
daquela eleição na totalização própria que O Globo estava fazendo.
Em
1994, Brizola venceu novamente Roberto Marinho e a TV Globo ao obter,
na Justiça, direito de resposta na emissora. Em 15 de março, um
constrangido Cid Moreira (que por 27 anos esteve à frente da bancada do
Jornal Nacional) leu texto de 440 palavras que a Justiça obrigou a TV
Globo a divulgar em seu telejornal mais nobre.
Foram
cerca de três minutos nos quais Cid Moreira, a cara do JN, incorporou
Leonel Brizola, então governador do Rio de Janeiro, no mais célebre e
então inédito direito de resposta, que abriu caminho para que outros
cidadãos buscassem amparo legal contra barbaridades cometidas pela mídia
brasileira.
7. Ignorou as Diretas-Já
O
PMDB lançou, em dezembro de 1983, uma campanha nacional em apoio à
emenda do seu deputado Dante de Oliveira (MT) que restabelecia as
eleições diretas no país com o slogan “Diretas-Já”. O primeiro grande
comício aconteceu em São Paulo, em 25 de janeiro do ano seguinte, e
coincidiu com o 430º aniversário da cidade. A TV Globo ignorou o comício
que reuniu milhares de pessoas na Praça da Sé. Reportagem do Fantástico
sobre o assunto falava apenas em comemorações do aniversário de São
Paulo. Omissões semelhantes aconteceram em relação a outros comícios
pelas Diretas-Já em cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte e
Salvador.
De
acordo com o ex-vice-presidente das Organizações Globo, José Bonifácio
de Oliveira Sobrinho, o Boni, em entrevista ao jornalista Roberto
Dávila, na TV Cultura, em dezembro de 2005, foi o próprio Roberto
Marinho quem determinou a censura ao primeiro grande comício da campanha
pelas Diretas-Já. Segundo Boni, àquela altura “o doutor Roberto não
queria que se falasse em Diretas-Já” e decidiu que o evento da Praça da
Sé fosse transmitido “sem nenhuma participação de nenhum dos
discursantes”. Para Boni, aliás, no caso das Diretas-Já houve uma
censura dupla na Globo: “Primeiro, uma censura da censura; depois, uma
censura do doutor Roberto”.
A
versão de Boni é diferente da que aparece no livro Jornal Nacional – A
Notícia Faz História, publicado pela Jorge Zahar em 2004, e que
representa a versão da própria Globo para a história de seu jornalismo. O
texto não faz referência alguma a uma intervenção direta de censura por
parte de Roberto Marinho. Aliás, a Globo vem tentando reescrever a sua
história e, ao mesmo tempo, reescrever a própria história brasileira.
Isto fica nítido, por exemplo, quando se compara a história brasileira
com a versão que é publicada pela Globo através dos verbetes do Memória
Globo. Pelo visto, a emissora aposta na falta de memória e na pouca
leitura da maioria dos brasileiros para emplacar a sua versão dos fatos.
Foi a partir da campanha das Diretas-Já que teve início a utilização,
pelos diversos movimentos populares, do bordão “O povo não é bobo.
Abaixo a Rede Globo”.
8. Manipulação do debate Collor x Lula
Na
eleição de 1989, a primeira pelo voto direto para presidente da
República desde 1964, a TV Globo manipulou o debate entre o candidato do
PT, Luiz Inácio Lula da Silva e o do PRN, Fernando Collor. O debate era
o último e decisivo antes da eleição. No telejornal da hora do almoço, a
TV Globo fez uma edição equilibrada do debate. Para o Jornal Nacional,
houve instruções para mudar tudo e detonar Lula. Foram escolhidos os
piores momentos de Lula e os melhores de Collor. Ainda foram divulgadas
pesquisas feitas por telefone segundo as quais Collor havia vencido.
Além disso, o jornalista Alexandre Garcia leu um editorial nitidamente
contra Lula e o PT.
Desde
então, pesquisas e estudos sobre este “caso clássico de manipulação da
mídia” têm sido feitas no Brasil, destacando-se as realizadas pelo
sociólogo, jornalista e professor aposentado da UnB Venício A. Lima.
Apesar
dos esforços da TV Globo para manter a versão de que a edição deste
debate foi equilibrada, novamente seu ex-diretor José Bonifácio Sobrinho
contribuiu para derrubá-la. Depois de abordar o assunto em entrevistas à
imprensa, por ocasião do lançamento de seu livro de memórias, o
ex-dirigente global deu entrevista à própria GloboNews, canal pago da
emissora, na qual admitiu, para o jornalista Geneton Moraes Neto, que,
durante os debates da campanha presidencial transmitidos pela Globo em
1989, tentou ajudar o candidato alagoano. Para muitos, Boni só fez esta
“revelação bombástica”, que quase todos já sabiam, para tentar promover
seu livro.
9. Contra a democratização da mídia
Todos
os países democráticos possuem regulação para rádio e televisão. Na
Grã-Bretanha, por exemplo, a mídia e sua regulação caminharam juntas. O
mesmo pode ser dito em relação aos Estados Unidos, França, Itália e
Japão. Nestes países, tão admirados pelas elites brasileiras, nunca
ninguém fez qualquer vínculo entre regulação e censura, simplesmente
porque ele não existe. No Brasil, onde a mídia em geral e a audiovisual
em particular vive numa espécie de paraíso desregulamentado, toda vez
que um governo tenta implementar o que existe no resto do mundo é
acusado de ditatorial e de querer implantar a censura.
Quando,
em 2004, o governo do presidente Lula enviou ao Congresso Nacional
projeto de lei criando o Conselho Nacional de Jornalismo, uma espécie de
primeiro passo para esta regulação, foi duramente criticado pela mídia
comercial, TV Globo à frente. Desde sempre, as Organizações Globo foram
contrárias a qualquer legislação que restringisse o poder absoluto que
desfruta a mídia no Brasil. Prova disso é que os dispositivos do
Capítulo V da Constituição brasileira, que trata da Comunicação Social,
continuam até hoje sem regulamentação.
Entre
outros aspectos, o Capítulo V proíbe monopólios e oligopólios por parte
dos meios de comunicação, determina que a programação das emissoras de
rádio e TV deva dar preferência a finalidades educativas, artísticas,
culturais e informativas. O capítulo enfatiza, ainda, que as emissoras e
rádio e TV devem promover a cultura nacional e regional, além de
estimularem a produção independente. Todos esses aspectos mostram como a
TV Globo está na contramão de tudo o que significa uma comunicação
democrática e plural.
Aliás,
os compromissos dos mais diversos movimentos sociais brasileiros com a
regulação da mídia foram reafirmados durante o 2º Encontro Nacional pelo
Direito à Comunicação, promovido pelo Fórum Nacional pela
Democratização da Comunicação, de 10 a 12 de abril, em Belo Horizonte. O
evento reuniu 682 participantes entre ativistas, estudantes,
militantes, jornalistas, estudiosos, pesquisadores, representantes de
entidades e coletivos de todo o Brasil. Presente ao encontro esteve
também o canadense Toby Mendel, consultor da Unesco e diretor-executivo
do Centro de Direitos e Democracia.
A carta final do encontro, intitulada “Regula Já! Por mais democracia e mais direitos”, disponível na página da entidade (www.fndc.org.br),
reafirma “a luta pela democratização da comunicação como pauta
aglutinadora e transversal, além de conclamar as entidades e ativistas a
unirem forças para pressionar o governo a abrir diálogo com a sociedade
sobre a necessidade de regular democraticamente o setor de comunicação
do país”.
10. Golpismo
Para
vários pesquisadores e estudiosos sobre movimentos sociais no Brasil, a
mídia, em especial a TV Globo, tem tido um papel protagonista nas
manifestações contra a presidente Dilma Rousseff e o PT. Alguns chegam
mesmo a afirmar que dificilmente essas manifestações teriam repercussão
se não fosse a Rede Globo.
Em
outras palavras, a Rede Globo, tão avessa à cobertura de qualquer
movimento popular, entrou de cabeça na transmissão destas manifestações
e, no domingo 15 de março, por exemplo, mobilizou, como há muito não se
via, toda a sua estrutura com o objetivo de ampliar a dar visibilidade a
esses atos. Quase 100% de seus jornalistas estiveram de plantão.
Durante o programa Esporte Espetacular, exibido tradicionalmente nas
manhãs de domingo, o esporte deu lugar para chamadas ao vivo sobre os
protestos, que, em tom de convocação, passaram a ocupar a maior parte do
tempo.
Nas
entradas ao vivo em todas as cidades onde aconteciam mobilizações, os
microfones da emissora captaram gritos de guerra contra o atual governo e
xingamentos contra a presidente. Em Copacabana, zona sul do Rio de
Janeiro, foi possível ouvir inclusive palavrões. A título de comparação,
as manifestações de 13 de março, que também aconteceram em todo o
Brasil e defenderam a reforma política, não mereceram cobertura tão
dedicada do maior conglomerado midiático da América Latina.
Erick
Bretas, diretor da Rede Globo que há poucas semanas defendeu
abertamente o impeachment da presidente Dilma nas redes sociais, voltou a
se pronunciar sobre os atos do dia 15, utilizando uma frase de Bob
Marley para convocar, através de sua página no Facebook, o povo às ruas:
“Get up, stand up”.
Não
se sabe se Bob Marley apoiaria a postura de Bretas, mas, sem dúvida, é
fato que entre os princípios editoriais da TV Globo não consta nem a
“isenção” e muito menos o equilíbrio que tanto prega. Por isso, talvez o
melhor resumo sobre a realidade desses protestos e a empolgação da
transmissão feita pela TV Globo seja a do professor Gilberto Maringoni,
ex-candidato do PSOL ao governo de São Paulo. Segundo Maringoni, “a
manifestação principal não está nas ruas. Está na TV”.
Nas
redes sociais, internautas repudiaram a cobertura feita pela TV Globo e
alcançaram, durante 48 horas ininterruptas, para a
hastag#Globogolpista, a primeira posição entre os assuntos mais
comentados do Twitter. Novos protestos estão previstos para o dia 26/4.
Razão pelo qual este promete ser o pior aniversário da TV Globo em toda a
sua história.
***
Stedilie:
Stédile: América Latina está "más cerca de un nuevo ascenso de masas que de una restauración conservadora"
Lo
aseguró Joao Pedro Stédile, referente histórico
del Movimiento Sin Tierra (MST) en Brasil y de Vía
Campesina, aunque subrayó la presencia en la
región de ambas tendencias en conflicto.
"Estados Unidos intenta recuperar Latinoamérica no sólo como un espacio geopolítico, bajo su control, sino que necesita las materias primas que tenemos: los minerales; la energía del petróleo, del etanol e hidroeléctrica, y también los commodities agrícolas", afirmó sobre uno de los factores principales que explican el resurgimiento de acciones agresivas de la derecha, incluso golpistas.
"Cuando decimos Estados Unidos, no se trata tanto o solamente de la política de (Barack) Obama. La fuerza real de Estados Unidos se mueve por el poder económico de las empresas, de los bancos y por el poder de la inteligencia militar, la CIA, las fuerzas armadas", declaró Stédile a Télam en una entrevista realizada al margen del VI Congreso de la Cloc-Vía Campesina, cuyas deliberaciones en Ezeiza, oeste del Gran Buenos Aires, concluyeron el viernes último.
En este contexto, el referente del MST de Brasil y de la Vía Campesina situó iniciativas estadounidenses como la llamada Alianza del Pacífico, en su opinión destinada a "cooptar a los gobiernos de Panamá, Colombia y Perú", entre otros.
"Y ahora, más recientemente, se están moviendo intensamente en relación a Venezuela, Brasil y Argentina. En el caso de estos tres países, claves para su dominio, ellos utilizan sobre todo el poder hegemónico que tienen en los grandes medios de comunicación", subrayó.
Más que los partidos tradicionales, "la derecha trabaja ahora ideológicamente y políticamente, en la lucha de clases, con los medios de comunicación. Así, en Venezuela el principal partido de la derecha se llama CNN en Español; en Brasil, la (red) Globo y aquí en la Argentina, el grupo Clarín".
En el caso de Brasil, "ahora han logrado que un sector de la clase media vaya a la calle, pero cometieron un error, porque lo hicieron llevando la bandera del golpe militar y para esto no hay razón ni viabilidad política".
"En el fondo, puede que no necesiten incluso derrumbar a nuestros gobiernos. Lo que quieren es que los gobiernos, por lo menos en Argentina y Brasil, vuelvan a la agenda neoliberal, que es la agenda del capital. Volver a practicar políticas que garanticen sus ganancias", acotó.
En consecuencia, "para el pueblo y los movimientos populares no hay otro camino que ir a la calle, porque las calles y las plazas son el espacio de hacer política de las masas", sostuvo Stédile y celebró las crecientes protestas sindicales y populares en Brasil contra un intento de ley de precarización laboral.
No obstante, interpretó que "en diversos países de Latinoamérica, quizá con las excepciones de Venezuela y Bolivia, las masas fueron a votar en estos años por gobiernos progresistas pero sin estar todavía en un movimiento histórico de nuevo ascenso", y que "venimos de un prolongado reflujo de la lucha de masas".
"Yo creo que, si queremos cambios, si queremos mejorar las condiciones de vida del pueblo, como movimientos populares tenemos que impulsar que la gente vaya a las calles y a las plazas para disputar ideas y propuestas", señaló Stédile y argumentó que esa es la vía para frenar la embestida de la derecha y también para "impedir que el gobierno regrese al ajuste neoliberal".
"Tenemos esta situación: de un lado, las manifestaciones de los militantes de los movimientos populares, incluidos los movimientos campesino y sindical, y del otro lado la derecha, con la clase media reaccionaria y racista, que quiere el golpe", resumió para el caso brasileño.
En este marco, "el pueblo todavía está sentado mirando la televisión como si se tratara de un partido de fútbol: la derecha contra la izquierda. Si logramos que el pueblo se levante y vaya a la calle, ahí ganaremos el juego. Porque por ahora está empatado, 2 a 2", acotó con humor, apelando a una metáfora futbolera para explicar la coyuntura política en su país.
Para el referente de Vía Campesina, "a mediano plazo sólo tenemos un camino: estimular todo tipo de movilización popular para generar en nuestros países un nuevo período histórico de ascenso del movimiento de masas, como en líneas generales lo tuvimos del '45 al '73 en todo el continente".
"Y yo creo que estamos más cerca de un nuevo ascenso de masas que de una restauración conservadora", apuntó.
-- Lennart Kjörling Helgagatan 36E 11858 Stockholm 0708-927034
Inga kommentarer:
Skicka en kommentar